Por Fabio Pena
Ampliar o debate e engajar lideranças na campanha pela criação do
Estado do Tapajós, a partir da participação popular, é um dos
principais objetivos do Seminário Tapajós Sustentável que começou hoje
pela manhã, 13/09 e segue até amanhã, no Iate Clube de Santarém.
O evento é promovido pela Articulação Popular Pró Estado do Tapajós –
APPT que reúne diversas organizações e movimentos sociais da região
Oeste do Pará, como Sindicatos de Trabalhadores Rurais, Associações
de Mulheres, Federação de Associações de Bairros, Comunidades
Indígenas e Quilombolas e Organizações Não-Governamentais.
Cerca de 250 lideranças populares vindas de municípios como Prainha,
Uruará, Óbidos, Curuá, Almerim, Belterra, Juruti, Oriximiná, Monte
Alegre, Terra Santa, Novo progresso, Trairão, Alenquer, Aveiro, Faro,
além de Santarém, estão participando.
Após uma animada dinâmica de boas vindas feita pelo educador Magnólio
de Oliveira do Projeto Saúde e Alegria, o evento começou com uma
apresentação dos objetivos da APPT. João Ribeiro, do CEFTBAM, disse
que o propósito da articulação e do seminário, é fazer a discussão
sobre a criação do Estado do Tapajós com os principais interessados, a
população que vive a conhece a realidade de seus municípios. Sara
Pereira, da FANCOS, completou: “queremos mostrar que nosso SIM ao
Estado do Tapajós vem junto com uma responsabilidade de construirmos
um estado sustentável, e não que repita o velho modelo, mas que
busque, inclusive, romper com a lógica de boa parte da classe política
atual que também é responsável pelas péssimas condições sociais que
temos hoje”.
A participação do jornalista e Professor da UFPA, Manuel Dutra, veio
em seguida para contribuir ao debate, acrescentando elementos
sócio-históricos que embasam sua defesa pelo SIM ao novo Estado. Entre
outras questões, Dutra explicou o sentido cultural do ser do Tapajós.
“É mentira quem tenta dizer que essa luta é de hoje. Nossos avós,
pais, filhos, antigas e atuais gerações já nasceram ouvindo falar do
sonho do Tapajós. É um desejo que vem desde a época da Província do
Grão Pará, acompanhou a criação da Província e depois Estado do
Amazonas. Passou por diversos momentos, altos e baixos, mas hoje tem
finalmente um momento decisivo, com a realização do plebiscito”. Autor
do livro O Pará Dividido, de 1999, o professor santareno que hoje vive
em Belém, não tem dúvidas do sentido histórico do desejo de
emancipação do povo do Oeste, havendo também os interesses políticos
ao longo do tempo. Porém, Dutra rebate quem critica o movimento como
de oportunistas. “Se oportunistas há, e com certeza há, onde não os
há? Na Assembléia Legislativa do Pará? No Congresso da República?
Melhor que os não houvesse em parte alguma…” escreveu em um de seus
artigos em seu blog pessoal. “Nós queremos a criação do Estado do
Tapajós porque ele já existe. Só precisa ser oficializado”, concluiu
em entrevista à nossa reportagem.
Uma mesa com debatedores representando os diversos movimentos
presentes, apontou aquilo que os organizadores do evento chamaram de
“o pingo do i” do SIM do Tapajós. Em sua maioria reforçaram que o novo
Estado terá o desafio maior para se preocupar com a defesa de seu
patrimônio ambiental, a luta contra o desmatamento, contra a
corrupção, por políticas públicas mais acessíveis e próximas das reais
necessidades da população, e com a oportunidade de construir uma
constituição moderna. A Frase do representante da União dos Estudantes
de Santarém – UES, resumiu bem o pensamento da maioria: “nosso Sim,
não é o sim à madeira clandestina, ao modelo econômico devastador, é
um sim à nova forma de pensar a Amazônia”.
Na tarde de hoje, em cinco grupos, os participantes vão discutir temas
que apontam para “O Estado do Tapajós que desejam”: Governança e o
Estado do Tapajós, ordenamento e regularização fundiária, Inclusão
Social e diversidade cultural, Economia rural e Desenvolvimento
urbano. As discussões vão resultar em um documento base que vai ajudar
na disseminação da campanha do SIM do ponto de vista dos movimentos
sociais.
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